terça-feira, 10 de maio de 2016

Dia da Mãe

O Dia da Mãe comemora-se no 1.º domingo de maio e a biblioteca escolar não podia de deixar de se associar ao acontecimento, decorando um pequeno espaço com elementos referentes àquele ser que nos dedica um amor incondicional, imensurável e eterno.
 Livros, poemas, receitas da melhor mãe e trabalhos realizados pelos alunos contribuíram para alindar o lugar onde a palavra amor, rima em versos soltos com todas as palavras belas.
            Mas o melhor presente foi a decisão tomada pela equipa da biblioteca escolar ao pretender pincelar a data de poesia e ternura, homenageando as mães do agrupamento: as biológicas, as do coração, as que ainda o hão de ser e as outras que, não o sendo, têm a mesma sensibilidade e distribuem  amor de mãe aos que aconchegam no seu coração, oferendo-lhes um singelo poema.           
                                                                                                                                Equipa da BE
POEMA À MÃE

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.

Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade 

Sem comentários:

Enviar um comentário